UniversalDependencies / UD_Portuguese-Bosque

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missing "Voice=Pass" in the annotation of passive participles without an auxiliary #395

Open leoalenc opened 2 years ago

leoalenc commented 2 years ago

@arademaker e @wellington36 , trabalhando com o módulo em Python de extração de valências verbais, conforme relatado em #394, deparei-me com este exemplo com o verbo adaptar:

Adaptado da peça homônima de Naum Alves de Souza, o especial tem ainda no elenco Marisa Orth, Pedro Paulo Rangel e Diogo Vilela.

http://match.grew.fr/?corpus=UD_Portuguese-Bosque@dev&custom=61bf5dbfb8a31 http://match.grew.fr/data/61bf5dbfb8a31/1232.svg

A moldura do verbo adaptar nesse exemplo é a seguinte:

<VERB:act,obj:de>

Ou seja, tratar-se-ia de um verbo como gostar com um único complemento, realizado por meio de sintagma preposicioando introduzido por de. No entanto, esse não é o caso:

O especial foi adaptado da peça homônima de Naum Alves de Souza. O diretor Fulano adaptou o especial da peça homônima de Naum Alves de Souza. *O diretor Fulano adaptou da peça homônima de Naum Alves de Souza.

O último exemplo é agramatical se não pressupomos um pronome nulo objeto. Na verdade, a moldura deveria ser esta:

<VERB:pass,obj:de> Ou seja, esse tipo de particípio deveria ter a anotação Voice=Pass, como neste exemplo:

FHC e Malan não esclareceram, até o momento, quanto o governo gastou e quando foram comprados os papéis. http://match.grew.fr/?corpus=UD_Portuguese-Bosque@dev&custom=61bf61e09e708

Questão possivelmente relacionada à #53.

arademaker commented 2 years ago

@leoalenc minha única curiosidade é ter uma voz passiva sem auxiliar ou pronome apassivador.

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leoalenc commented 2 years ago

@leoalenc minha única curiosidade é ter uma voz passiva sem auxiliar ou pronome apassivador.

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@arademaker , quando se lê uma descrição não formalizada de uma língua natural, sobretudo quando se trata de uma obra como a gramática de Cunha e Cintra que se destina ao público geral e se atém fundamentalmente à teoria gramatical tradicional, ignorando os avanços da linguística (sobretudo de linha gerativa ou formal) nos últimos 70 anos, é necessário inserir mentalmente elementos modalizadores ou de frequência nas regras. Por outro lado, é preciso ler a obra toda e juntar as peças de um quebra-cabeças por vezes incompleto. Dessa forma, quando os autores afirmam "Exprime-se a voz passiva [...]", entenda-se "Exprime-se a voz passiva tipicamente/geralmente [...]" . Veja que não foi utilizado um advérbio como apenas, pelo que os autores não excluem outras formas de manifestação da passiva. Na verdade, abstraindo do chamado pronome se apassivador, a passiva é uma propriedade da forma verbal do particípio de verbos transitivos, indicando rearranjo da estrutura argumental (o objeto da ativa passa a sujeito na passiva). O auxiliar serve nesse caso (em português) apenas para expressar tempo e modo, uma vez que o particípio passivo somente exprime o gênero e número do seu sujeito. Veja o anexo. Observe que mesmo Cunha e Contra reconhecem a existência da forma passiva do verbo sem auxiliar, isso também está implícito no capítulo sobre orações reduzidas de particípio. O trecho de Mateus et al. reflete a análise da passiva conforme o modelo Government and Binding dos anos de 1980. Hoje em dia parece predominar a análise lexicalista de Bresnan no quadro da LFG, da qual muita coisa foi incorporada até no gerativismo chomskyano. As análise atuais em teorias como LFG, HPSG etc. apenas confirmam a existência da forma passiva do verbo também em construções sem auxiliar.

passiva em português.pdf

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leoalenc commented 2 years ago

@arademaker, recomendo a leitura do cap. 3, especialmente p. 28:

BRESNAN, J. Lexical-Functional Syntax. Malden: Blackwell, 2001.

E também o cap. 10:

SAG, I. A.; WASOW, T.; BENDER, E.. Syntactic theory: a formal introduction. 2. ed. Stanford: CSLI Publications, 2003.