Livro - Propósito
Me lembro de que quando pequeno, um certo dia, me perguntei o porquê de Deus colocar uma árvore do conhecimento do bem e do mal no meio do Éden sabendo que o homem pecaria. Não foi difícil encontrar a uma resposta, Deus queria que o homem tivesse a liberdade de escolher ficar com Ele ou não. Pouco depois, quando ouvi um professor falar sobre a teoria da evolução, passei a considerar que a narrativa de Gênesis tivesse uma função pedagógica, e não literal.
Ao longo dos anos fui percebendo que o que alguns diziam ser provas de que a Bíblia estava errada não tinham tanta relação com a Bíblia em si, mas com interpretações específicas e que, ainda que essas interpretações sejam da maioria, o máximo que se consegue é provar que um dogma não condiz com os últimos resultados das pesquisas. Por exemplo, ouvi um cientista, não lembro de que área, em uma entrevista, citar o fato de que hoje sabemos explicar o movimento do Sol para dizer que Deus não é mais necessário para se explicar isso, assim como outras coisas que a ciência descobriu e que a religião vai se restringindo ao que ainda não foi estudado. Mas é interessante reparar que, apesar de Deus ter total poder sobre a natureza, a Bíblia não diz que Deus arrasta o Sol do nascente ao poente, nem que as tempestades são fruto da ira de Deus ou que quando chove são Pedro está lavando o céu.
Recentemente comecei a estudar teologia e conheci teólogos que debatem com ateístas ao redor do mundo e percebi que não há perguntas para as quais não haja uma resposta plenamente aceitável. Percebi que o problema não é uma questão estritamente racional mas, no fim, a questão é a pessoa não querer aceitar ou não querer deixar Deus, o que sempre me faz lembrar da árvore do conhecimento do bem e do mal, há sempre uma alternativa deixada pelo próprio Deus.
Apesar disso, uma questão começou a me afligir. Descobri que eu não era o único a se preocupar com o assunto e que esse é um dos assuntos que alguns apologistas cristãos consideram que ainda seja de difícil esclarecimento, não pelo fator racional, mas pelo emotivo. De fato, esse tema não surge, necessariamente, por um questionamento alheio, muitas vezes vem de nós mesmos. Não é simplesmente uma questão racional, à qual você entende e se dá por satisfeito. É algo que dói, e sempre que você sente você olha para o céu e se pergunta se Ele realmente está lá ou, no mínimo, se de fato está cuidando de você.
O problema do sofrimento abrange, também, uma esfera social, relacionada à justiça de Deus e a uma perspectiva de que o mundo está sendo destruído e se destruindo. Porque um mundo criado por um Deus perfeito e bom é desse jeito? Por que tanta doença, desigualdade e tragédias no mundo de Deus?
O problema do sofrimento é um problema pelo qual todo cristão passa, inclusive, ou principalmente, as personagens bíblicas, e tem um efeito direto sobre o nosso relacionamento com Deus. Fato que não é estranho de forma alguma visto crermos em um Deus amoroso.
O problema do sofrimento também não é externo à fé cristã, mas é um tema comum à Bíblia, não só pelo fato de que as histórias contam os sofrimentos de homens e mulheres que eram fiéis a Deus, mas porque muitos deles questionaram a Deus sobre os seus sofrimentos e sobre a situação social de suas épocas.
Todos, desde o princípio, em algum momento se deparam com esse problema, recentemente foi minha vez. Ao buscar respostas na Bíblia, infelizmente não encontrei uma fórmula para se livrar do sofrimento, por outro lado, encontrei um Deus que sabe, sente, entende... se compadece da minha dor. Devo dizer que, ao menos para mim, mais importante do que saber que Deus se importa foi concluir que Ele sente a minha dor. Não por vingança, mas essa percepção não deixa mais espaço para a sensação de abandono.
Fica claro, aqui, que o meu objetivo não é lhe ensinar a fugir ou, muito menos, se livrar do sofrimento. Espero conseguir passar neste livro, como encontrei, na Bíblia, o conforto para meus momentos difíceis e, principalmente, a certeza de que meus problemas não representam um afastamento de Deus em relação a mim.
Livro - Propósito Me lembro de que quando pequeno, um certo dia, me perguntei o porquê de Deus colocar uma árvore do conhecimento do bem e do mal no meio do Éden sabendo que o homem pecaria. Não foi difícil encontrar a uma resposta, Deus queria que o homem tivesse a liberdade de escolher ficar com Ele ou não. Pouco depois, quando ouvi um professor falar sobre a teoria da evolução, passei a considerar que a narrativa de Gênesis tivesse uma função pedagógica, e não literal. Ao longo dos anos fui percebendo que o que alguns diziam ser provas de que a Bíblia estava errada não tinham tanta relação com a Bíblia em si, mas com interpretações específicas e que, ainda que essas interpretações sejam da maioria, o máximo que se consegue é provar que um dogma não condiz com os últimos resultados das pesquisas. Por exemplo, ouvi um cientista, não lembro de que área, em uma entrevista, citar o fato de que hoje sabemos explicar o movimento do Sol para dizer que Deus não é mais necessário para se explicar isso, assim como outras coisas que a ciência descobriu e que a religião vai se restringindo ao que ainda não foi estudado. Mas é interessante reparar que, apesar de Deus ter total poder sobre a natureza, a Bíblia não diz que Deus arrasta o Sol do nascente ao poente, nem que as tempestades são fruto da ira de Deus ou que quando chove são Pedro está lavando o céu.
Recentemente comecei a estudar teologia e conheci teólogos que debatem com ateístas ao redor do mundo e percebi que não há perguntas para as quais não haja uma resposta plenamente aceitável. Percebi que o problema não é uma questão estritamente racional mas, no fim, a questão é a pessoa não querer aceitar ou não querer deixar Deus, o que sempre me faz lembrar da árvore do conhecimento do bem e do mal, há sempre uma alternativa deixada pelo próprio Deus. Apesar disso, uma questão começou a me afligir. Descobri que eu não era o único a se preocupar com o assunto e que esse é um dos assuntos que alguns apologistas cristãos consideram que ainda seja de difícil esclarecimento, não pelo fator racional, mas pelo emotivo. De fato, esse tema não surge, necessariamente, por um questionamento alheio, muitas vezes vem de nós mesmos. Não é simplesmente uma questão racional, à qual você entende e se dá por satisfeito. É algo que dói, e sempre que você sente você olha para o céu e se pergunta se Ele realmente está lá ou, no mínimo, se de fato está cuidando de você. O problema do sofrimento abrange, também, uma esfera social, relacionada à justiça de Deus e a uma perspectiva de que o mundo está sendo destruído e se destruindo. Porque um mundo criado por um Deus perfeito e bom é desse jeito? Por que tanta doença, desigualdade e tragédias no mundo de Deus? O problema do sofrimento é um problema pelo qual todo cristão passa, inclusive, ou principalmente, as personagens bíblicas, e tem um efeito direto sobre o nosso relacionamento com Deus. Fato que não é estranho de forma alguma visto crermos em um Deus amoroso. O problema do sofrimento também não é externo à fé cristã, mas é um tema comum à Bíblia, não só pelo fato de que as histórias contam os sofrimentos de homens e mulheres que eram fiéis a Deus, mas porque muitos deles questionaram a Deus sobre os seus sofrimentos e sobre a situação social de suas épocas. Todos, desde o princípio, em algum momento se deparam com esse problema, recentemente foi minha vez. Ao buscar respostas na Bíblia, infelizmente não encontrei uma fórmula para se livrar do sofrimento, por outro lado, encontrei um Deus que sabe, sente, entende... se compadece da minha dor. Devo dizer que, ao menos para mim, mais importante do que saber que Deus se importa foi concluir que Ele sente a minha dor. Não por vingança, mas essa percepção não deixa mais espaço para a sensação de abandono. Fica claro, aqui, que o meu objetivo não é lhe ensinar a fugir ou, muito menos, se livrar do sofrimento. Espero conseguir passar neste livro, como encontrei, na Bíblia, o conforto para meus momentos difíceis e, principalmente, a certeza de que meus problemas não representam um afastamento de Deus em relação a mim.