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Mutirão de Anotação de Corpus em Letras Clássicas Digitais: Projeto de Extensão, FCLAr/UNESP
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21c1 APOS ou ADV_CO_AP? #9

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aniseferreira commented 1 year ago

21c 1 διὰ τὴν ὄρνιν , τὸ τίς αὐτὴν ἐγγήμῃ , APOS? No AGDT1 - virgula recebe a etiqueta APOS; e os elementos apositivos ADV_CO_AP. No AGDT2 - a oracao apositiva depende do elemento que descreve, como APOS.

lucascdz commented 1 year ago
  1. Quanto às formas do aposto, achamos a solução do AGDT 2.0 mais simples: prender o elemento apositivo ao head que ele descreve. Porém, me parece que ela só serve para os chamados "apostos não-restritivos ou explicativos" descritos pelo Pinkster (2015, p.1061), que prevê incusive a possibilidade de haver mais de um aposto desse tipo ligado ao mesmo head. No texto latino apareceu um exemplo bastante claro, em que um elemento da oração ("Acerbas") funciona como head sintático de duas informações suplementares sobre ele:

    Elissa … Acherbae, avunculo suo, sacerdoti Herculis, … nubit. Elissa casa-se com Acerbas, seu próprio tio, sacerdote de Hércules.

Nesse caso, Acherbae foi marcado como OBJ, e tanto avunculo quanto sacerdoti foram marcados como APOS presos ao OBJ (cf. árvore em Justino 18.4.5).

  1. Já quando o aposto é "restritivo ou atributivo" (Pinkster 2015, p.1054 et sqq.), não é possível estabelecer uma relação hierárquica entre os dois elementos da aposição, ou seja, não se pode definir quem é head de quem. Um exemplo que apareceu no nosso texto é o seguinte:

    Pygmalion … avunculum suum eundemque generum … occidit. Pigmalião … mata seu próprio tio e também cunhado.

Percebam que avunculum ("tio") e generum ("cunhado") se referem à mesma pessoa (o Acerbas da frase anterior) e, não sendo possível subordinar um ou outro, aplicamos a etiqueta APOS à conjunção -que e OBJ_AP aos objetos em aposição (cf. árvore em Justino 18.4.8).

  1. Por fim, um problema de análise: o mesmo Pinkster cita vários exemplos de nome próprio acompanhado de uma indicação de categoria como "aposto restritivo" (e.g. o pretor Sulpício, o escravo Sósia, o cônsul Silano, a cidade Roma, o rio Ródano, o monte Albano, etc.). Logo, seria o caso de usar a aposição paralela, como no item 2 acima. Mas tanto o manual do AGDT 1.0 ("Αἰολίην δ’ ἐς νῆσον…" p.12, "ἐν λιμένι ̔Ρείθρῳ" p.16) quanto o manual do LDT ("a flumine Rhodano" p.16, "ad flumen Sabim" p.31 et 38) recomendam explicitamente que nesse tipo de combinação o nome próprio deve ser analisado como ATR. Na dúvida, seguimos o manual do LDT, mas achei que era o caso de registrar.
aniseferreira commented 1 year ago

Em seg., 21 de nov. de 2022 às 15:43, Lucas Dezotti < @.***> escreveu:

  1. Quanto às formas do aposto, achamos a solução do AGDT 2.0 mais simples: prender o elemento apositivo ao head que ele descreve. Porém, me parece que ela só serve para os chamados "apostos não-restritivos ou explicativos" descritos pelo Pinkster (2015, p.1061), que prevê incusive a possibilidade de haver mais de um aposto desse tipo ligado ao mesmo head. No texto latino apareceu um exemplo bastante claro, em que um elemento da oração ("Acerbas") funciona como head sintático de duas informações suplementares sobre ele:

Elissa … Acherbae, avunculo suo, sacerdoti Herculis, … nubit. Elissa casa-se com Acerbas, seu próprio tio, sacerdote de Hércules.

➽ Oi Lucas, até aqui, tudo bem, entendi.

Nesse caso, Acherbae foi marcado como OBJ, e tanto avunculo quanto sacerdoti foram marcados como APOS presos ao OBJ (cf. árvore em Justino 18.4.5 https://www.perseids.org/tools/arethusa/app/#/perseids?chunk=5&doc=79791 ).

  1. Já quando o aposto é "restritivo ou atributivo" (Pinkster 2015, p.1054 et sqq.), não é possível estabelecer uma relação hierárquica entre os dois elementos da aposição, ou seja, não se pode definir quem é head de quem. Um exemplo que apareceu no nosso texto é o seguinte:

Pygmalion … avunculum suum eundemque generum … occidit. Pigmalião … mata seu próprio tio e também cunhado.

Percebam que avunculum ("tio") e generum ("cunhado") se referem à mesma pessoa (o Acerbas da frase anterior) e, não sendo possível subordinar um ou outro, aplicamos a etiqueta APOS à conjunção -que e OBJ_AP aos objetos em aposição (cf. árvore em Justino 18.4.8 https://www.perseids.org/tools/arethusa/app/#/perseids?chunk=8&doc=79791 ).

➽ Entendi por que parece melhor usar a diretriz do AGDT 1 neste caso. Se fossem duas pessoas diferentes, claro, o tio e o cunhado seriam OBJ_CO. E não há subordinação semântica, só o fato de um vir antes, mas poderia vir depois. Assim, como OBJ_AP a gente vê no mesmo nível os dois. Quando há vírgula, no AGDT 1, se dá etiqueta APOS para vírgula e se mantém a função para cada elemento da aposição.

➽ Quanto ao suum: suum vale para os dois - tio e cunhado? se sim, eu pensaria em fazer depender do que.

➽ A minha questão é que não haveria a palavra generum, se não houvesse avunculum. Nesse sentido, haveria problema em adotar AGDT2?

  1. Por fim, um problema de análise: o mesmo Pinkster cita vários exemplos de nome próprio acompanhado de uma indicação de categoria como "aposto restritivo" (e.g. o pretor Sulpício, o escravo Sósia, o cônsul Silano, a cidade Roma, o rio Ródano, o monte Albano, etc.). Logo, seria o caso de usar a aposição paralela, como no item 2 acima. Mas tanto o manual do AGDT 1.0 https://github.com/PerseusDL/treebank_data/blob/master/v1/greek/docs/guidelines.pdf ("Αἰολίην δ’ ἐς νῆσον…" p.12, "ἐν λιμένι ̔Ρείθρῳ" p.16) quanto o manual do LDT https://github.com/PerseusDL/treebank_data/blob/master/v1/latin/docs/guidelines.pdf ("a flumine Rhodano" p.16, "ad flumen Sabim" p.31 et 38) recomendam explicitamente que nesse tipo de combinação o nome próprio deve ser analisado como ATR. Na dúvida, seguimos o manual do LDT, mas achei que era o caso de registrar.

➽ Nesse caso do ἐν λιμένι῾Ρείθρῳ, não entendo o nome próprio como aposto. O nome não seria essencial para se saber de qual λιμένι se trata?

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lucascdz commented 1 year ago

➽ Nesse caso do ἐν λιμένι῾Ρείθρῳ, não entendo o nome próprio como aposto. O nome não seria essencial para se saber de qual λιμένι se trata?

Pois é. A classificação do Pinkster como aposto se baseia, eu acho, no fato de que são formas sintaticamente substituíveis, e.g.

"A nau atracou no porto" "A nau atracou no Pireu"

Quando as duas palavras ocorrem simultaneamente, é como se elas fossem uma aposto da outra, sem precedência...

Mas, quando pensamos no sentido não do texto, mas do verbo, o importante para a ideia de "atracar" é que o argumento seja "um porto"; o fato de ele ter ou não um nome conhecido, embora seja relevante do ponto de vista da informação, é indiferente para a valência. Talvez por isso o ATR, que aliás veio assim do PDT: https://ufal.mff.cuni.cz/pdt2.0/doc/manuals/en/a-layer/html/ch03s06x19.html

No fim das contas, mantendo o nome próprio como está, parece que dá pra usar o AGDT 2.0 exclusivamente sim.

lucascdz commented 1 year ago

Pensando melhor, eu estava errado em analisar aquele "tio e cunhado" como aposto. A definição de "aposição" (elemento colocado ao lado de outro) parece excluir essa possibilidade.

O problema aqui é a coordenação de substantivos designando uma mesma realidade, só que por ângulos diferentes. Isso bate com a definição da figura retórica chamada "hendíade". O Pinkster discute um pouco sobre ela num livro de 2006 (On the Adverbs, p. 117), e a posição dele me pareceu ser de que, sintaticamente, não há nada de especial; apenas no nível semântico existe uma questão.

No fim das contas, estou achando que a árvore sintática não tem como dar conta dessas nuances interpretativas, de modo que a anotação seria OBJ_CO, simplesmente.